Muitas pessoas ficam receosas em fazer um currículo para ser utilizado fora do Brasil, pois tem medo de errar alguma coisa essencial e o CV não estar bom o suficiente. Independente se você já está no exterior ou quer ir, a insegurança é a mesma.
E eu sei disso porque, no início da minha carreira no exterior, eu convivi por um bom tempo com esse sentimento. Os primeiros trabalhos, em bar e loja, respectivamente, eu precisei preencher uma ficha, então, não precisei fazer um currículo. Mas, o bicho pegou quando eu decidi fazer uma transição e ir pra escritório/administração. Eu não tinha ideia de como fazer um currículo decente, e muito menos o que precisava constar ali. Pedi pra minha amiga Gabi o currículo que ela usou, pra usar como template; como ela já estava trabalhando em um escritório em Londres, achei que seria o melhor caminho (se for pra pedir, a gente pede pra quem já foi contratado, né!). E, foi o suficiente pra eu conseguir fazer a transição que eu tanto queria, e começar a trabalhar em um escritório.
Mas, com o passar dos anos, fui aperfeiçoando meu currículo cada vez mais, até encontrar um formato que eu amo e que, com certeza, ajudou a me destacar da multidão dos outros currículos. Dei “sorte” pois fui casada com um recrutador por alguns anos, que me passou dicas excelentes, inclusive pra entrevistas. Esse é o currículo que passo pra todos os meus alunos, pois tem um formato muito bacana, com visualização mais bonita e simples, fácil de olhar e mexer.
Porém, são muitos os detalhes pra conquistarmos um currículo de ouro, e hoje, decidi focar em 3 pontos que eu acredito serem os principais a serem analisados por você, na hora de criar o seu CV.
1. Precisa anexar foto?
Essa pergunta é mais complexa que um simples sim e não, pois vai depender muito das regras e tradição do país.
No geral, a maioria dos países, tem uma regra clara: não pode haver discriminação racial, gênero, idade, entre outros fatores. Ou seja, uma empresa não pode deixar de te contratar por nenhum desses motivos. Com isso em mente, uma empresa que pede pela foto, é uma empresa que você corre o risco de sofrer essa discriminação. Não estou dizendo que você vai, mas pode ser que sim. E, pensando dentro desse contexto, se esse tipo de discriminação é ilegal, e você optar por não enviar uma foto, mesmo sendo pedido pela empresa, isso não necessariamente coloca o seu currículo no fim da fila.
Alguns países, tradicionalmente, pedem pela foto, como a Itália e a Alemanha. Mas, ambos os países, tem regulamentações bem sérias em relação a discriminação, então, eles pedem, mas, a realidade, é que não deveriam.
Eu, particularmente, prefiro não enviar foto. Gosto de ser avaliada pelas minhas habilidades e o potencial de mudança que vou trazer para aquela empresa. Claro que isso é uma escolha relativamente pessoal, pois, uma outra pessoa pode considerar uma ofensa não enviar algo que a empresa pediu. Vai realmente de cada um.
Porém, vou levantar um questionamento em relação a isso: se essa empresa pede por uma foto junto com o currículo, sendo que as regras de discriminação daquele país são nítidas, ela está, de certa forma, tentando burlar uma parte do sistema. Se ela burla isso, o que mais ela vai burlar? É esse o tipo de empresa que eu gostaria de trabalhar?
Pra mim, a resposta é sempre não. Não é o tipo de empresa que me vejo trabalhando por anos e anos, e crescendo profissionalmente.
Então, se a empresa pedir, você pode sim enviar uma foto. Mas, pesquise com cuidado quais são as leis discriminatórias daquele país, e só faça algo se você se sente 100% confortável.
2. Histórico de trabalho
Um dos erros mais comuns que vejo nos currículos de alunos, é a ordem que o histórico de trabalho é colocado. Normalmente, os alunos colocam o mais antigo em cima e o mais recente embaixo. Mas, na realidade, é precisamente o contrário.
Coloque em cima o trabalho mais recente, ou até atual. E, conforme for descendo, você vai colocando os trabalhos anteriores.
É ideal colocar o histórico que tenha mais a ver com a vaga que você está aplicando. Não adianta colocar a experiência como babá aos 20 anos se você está se candidatando pra uma vaga em administração. Seu história precisa estar congruente com o que você está em busca.
A não ser que, seja um trabalho no país em questão. Por exemplo! Você saiu do Brasil, e começou a trabalhar em um bar em Dublin, e ficou nesse bar por 2 anos. Mas agora quer trabalhar na sua área, finanças. Então você coloca sim esse trabalho pois foi um trabalho no país em questão, apesar de ser em outra área. Você só não coloca se essa experiência foi há muito tempo e no Brasil. Faz sentido?
E, no histórico de trabalho, evite divagar muito. Seja específico e direto ao ponto, se possível, usando lista com pontos, como no exemplo abaixo:
Experiência Atual
– Tarefa 1
– Tarefa 2
– Tarefa 3
3. Nível escolar
Algumas pessoas colocam de tudo aqui, incluindo cursos, faculdade, 2º grau, qual era o nome da professora no jardim de infância… não há necessidade disso tudo!
O ideal é ter apenas o último nível de escolaridade possível. Se for universidade, coloque-a, mesmo se você ainda estiver cursando. Se for um técnico, pode colocar também.
Acredito que, se for uma pós, em algo diferente, é melhor colocar as duas. Por exemplo, tem bacharel em administração e fez uma pós em marketing. Principalmente caso você queira trabalhar em uma das áreas. Mas, no geral, apenas o nível mais alto é o suficiente.
Aqui não vão entrar cursos, incluindo profissionalizantes e de especialização específica na área. Isso tudo vai pra uma área especial, chamada…adivinha?! CURSOS. (risos)