Conquistar um trabalho no exterior é muito maneiro! Me lembro bem da sensação de conseguir meu 1º emprego fora – bartender em um barzinho diferentão em Newark (quem sabe um dia não conto essa história pra você? rs). Me senti invencível, como se ninguém pudesse me parar. Dali em diante, eu sabia que poderia pagar minhas contas, e fazer outras coisinhas que eu queria tipo comprar uma brusinha ou beber em um bar com novos amigos. Realmente, é um mix de emoções…independência, força e coragem.
Quando saí de Newark/NY, e fui pra Londres, o meu 1º emprego foi em uma loja. Já “subi” um pouco na vida lá. Na real, é porque eu realmente não levava jeito pra fazer bebidas. Até abrir uma garrafa de cerveja era difícil pra mim hahahahaha. Então, fui pra algo que eu sabia que iria dominar um pouco melhor. (Vou aproveitar o momento pra te sugerir fazer o mesmo. Não se força a trabalhar em um subemprego que você não leva jeito, só pela necessidade. É ideal trabalhar com algo que você consiga ser minimamente bom).
Eu demorei muito tempo pro mosquito do crescimento profissional me picar. Demorei 1 ano, 3 meses e 2 dias para, finalmente, dizer: “NÃO AGUENTO MAIS ESSA HISTÓRIA DE LOJA, EU QUERO MAIS!”.
O foda é que eu gostava do meu trabalho no Museu de História Natural em Londres. E eu até considerei me candidatar para vagas lá dentro em cargos melhores, tipo supervisora de uma das lojas (Sim, tem mais de uma loja no museu. Aquele lugar é um universo de tão grande!) mas, fazendo os cálculos, aquilo ali não ia valer a pena. O tempo vs trabalho físico vs dinheiro no bolso não ia dar pra eu fazer tudo que eu queria. Fora que, eu queria muito, muito mesmo, trabalhar de segunda a sexta, e ter horários mais normais.
Esse pensamento veio e foi, por alguns meses. Eu gostava do trabalho na loja e tava dando pra levar. Até que no dia 26 de Dezembro de 2008, às precisamente 22:45, eu decidi que eu queria crescer profissionalmente naquele país. Isso veio depois de um shift (turno, sou chique e falo em inglês! rs) de mais de 12h em pé, onde puxaram meu cabelo, pisaram no meu pé, empurraram um carrinho de bebê em cima de mim, e fiquei toda roxa nos braços do tanto que as pessoas me pegavam com violência. Essa força maior que pairou sobre mim se chama BOXING DAY. É tipo a black friday, mas, naquela loja específica que trabalhei, tava mais pra um aniversário do Guanabara (pra quem não sabe que diabos é isso, clique aqui). Você veja bem, eu só precisei trabalhar nessa loja no boxing day, porque o que eu recebia no museu não era o suficiente e eu queria mais. Então, na volta pra casa, no metrô, eu tomei a decisão que mudaria o percurso da minha história e decidi, de uma vez por todas, crescer profissionalmente em Londres, já que estava querendo tornar a cidade a minha moradia por alguns anos.
E eis que entramos na grande questão: não basta conseguir um trabalho, você precisa crescer no trabalho. Seja no próprio subemprego ou seja na sua área, conquistar o trabalho não vai ser o suficiente, acredite! É preciso mais, pois, além de sermos imigrantes, somos humanos. E humanos nunca estão satisfeitos 100%. (O quanto antes você admitir isso pra si, melhor!)
Uma das coisas que mais vejo no exterior são pessoas confortáveis com a situação atual, recebendo um salário digno porém não tão grande, e que não conseguem focar na realização profissional que querem depois disso. A conquista de ter um trabalho é até fácil, se formos comparar com a conquista do crescimento.
E isso é normal, acontece com todo mundo, apesar do tempo ser uma variável. Para alguns, dura apenas 1 ano, para outros, 5 anos. Mas aconteceu comigo, com minhas amigas, meus alunos e, não duvido que esteja acontecendo com você. E, apesar de você ser imigrante, tá tudo bem querer mais. Aliás, ouso você a querer mais.
Eu, particularmente, fico um tanto quanto irritada em ver uma pessoa com diploma em marketing lavando banheiro de escritório. Isso é uma questão minha, claro, e pode não irritar a pessoa que tem o diploma em marketing e trabalha lavando banheiro, mas, namoral, você, com a chance de receber uma bolada por mês, vai se contentar em receber um pouco mais que o salário mínimo? Tu jura?
Mas ok ok, admito: não tem nada de errado caso você queira crescer profissionalmente no seu subemprego. Isso só não fazia sentido pra mim. Mas, pode total fazer sentido pra você. E tudo bem se esse for o seu caso.
Independente da forma como você quer crescer profissionalmente no exterior, o importante é o foco que você precisa dar pra que isso aconteça. A nossa tendência é sim adiar essa decisão. Mas, já vi pessoas (e te juro que to falando sério) há mais de 10 anos morando no exterior, e que continuam trabalhando com faxina, no mesmo cargo, sem receber nem um centavo a mais em todos os anos. Cadê tua ambição? Morreu quando você entrou no avião?
É preciso mais e te imploro, corre atrás disso!!! E a melhor forma de você conseguir crescer profissionalmente no exterior é saber onde você quer chegar. O que você tanto quer alcançar que vai te trazer felicidade? E então pensar, o que eu preciso fazer hoje pra conseguir isso? Traça isso como um plano e mete bronca.
Então, hoje, agora, pega uma caneta e escreve num caderninho a resposta das seguintes perguntas:
– O que eu quero conquistar em 1 ano no exterior?
– O que eu quero conquistar em 5 anos no exterior?
– Como é a vida que eu quero viver fora do Brasil?
Evite ao máximo se contentar com o pouco que hoje lhe convém. Se você quer construir uma vida no exterior, que seja de sucesso. Sonhar grande dá o mesmo trabalho de sonhar pequeno, e, quando você começa a agir em cima do seu sonho, o sonho grande se torna uma realidade maior ainda.
Vai lá que eu to torcendo por você!