Dupla cidadania realmente faz diferença na hora da contratação?

É complicado conseguir um visto de trabalho?

A grande maioria das pessoas acredita que, ter dupla cidadania, é sinônimo de moleza e vida fácil! Sempre que as pessoas me perguntam: “Mas como você morou tanto tempo fora?” e eu respondo: “Dupla cidadania”, automaticamente parece que sou cancelada e minha opinião é totalmente inválida.

Apesar de concordar que a dupla cidadania gera alguns benefícios, venho aqui lhe informar que é pura ilusão acreditar que isso é tudo que uma pessoa precisa pra obter sucesso no exterior. O buraco é bem, bem, beeemmm mais embaixo.

Então, venho aqui hoje para levantar o seguinte questionamento: dupla cidadania, realmente faz diferença na hora da contratação?

Dupla cidadania vs Visto – qual a diferença?

Ok, vamos admitir. Existem regalias para quem tem uma dupla cidadania, principalmente a europeia. Além de poder entrar mais facilmente nos países, e poder morar em uma maior quantidade de lugares diferentes, ter a dupla cidadania acaba abrindo portas de trabalho mais facilmente.

Com a dupla cidadania, a pessoa pode trabalhar no país em questão, tirar toda a documentação necessária para trabalhar, abrir conta em banco, sem nenhum problema.

Quando cheguei na Inglaterra pude facilmente fazer todos os trâmites legais e de forma muito rápida. Em menos de 2 semanas eu já estava trabalhando, e só não foi mais rápido porque eu quis tirar uns dias pra descansar. Eu poderia ter saído do avião e começado a trabalhar, literalmente.

Já o visto, é uma situação mais complexa. Você passar por um processo burocrático caro, cansativo, muitas vezes tendo que ser entrevistado em um consulado, ou pela imigração no aeroporto, o que deixa muitas pessoas nervosas. E, como existem vários tipos de vistos, você precisa ter certeza que tem o visto certo em mãos.

O visto para trabalho é um visto relativamente complicado de conseguir pois envolve uma empresa topar ser seu sponsorship. O que é isso, Rach? 

Sponsorship é quando uma empresa decide “patrocinar” a estadia daquela pessoa no país. Quando uma empresa decide contratar um funcionário que não tem permissão para trabalhar naquele local, ela acaba tendo mais trabalho e mais burocracia, pois ela precisa comprovar ao governo daquele país que não encontrou alguém com a qualificação daquela pessoa, e arcar com custos para ser um sponsor para aquele funcionário.

Ou seja, nem toda empresa topa fazer isso. Mas, vou te dizer, nem toda empresa NÃO TOPA também. Entende?

Por mais surreal que isso pareça, um diploma necessário naquele país, uma qualificação certa, ou até mesmo a experiência ideal para um cargo, podem fazer a diferença para a contratação.

Conheço algumas histórias de brasileiros que conseguiram sponsorships mesmo sem ter tanta qualificação assim, simplesmente negociando com a empresa ou indo pro país certo (peraí que eu vou falar mais sobre isso ali embaixo).

Dupla cidadania não faz milagres

Tendo dito tudo isso, dupla cidadania é maravilhoso sim, mas não faz milagres. Conheço muitas – e eu disse MUITAS – pessoas que tem outra cidadania, e que simplesmente não fazem nada. Elas até querem conquistar um trabalho no exterior, mas falta a atitude certa para fazer isso acontecer.

Inclusive, tenho uma amiga querida que é doida pra morar na Bélgica há muitos anos, mas nunca fez nada por isso, mesmo eu tendo oferecido mentorias gratuitas à ela no início do meu projeto. Cheguei a conclusão que ela simplesmente está esperando a Bélgica chegar até ela (risos).

Por mais que a dupla cidadania seja uma mão na roda, ela não garante absolutamente nada. Cada dia que passa, mais pessoas entram em contato comigo, por email ou direct no Instagram, dizendo ter dupla cidadania e não estar conseguindo um trabalho bacana no país que elas moram. E, porque?

Difícil apontar o motivo exato pois, cada caso é um caso. Pode faltar uma boa qualificação, pode ser um problema no desenvolvimento do currículo, a pessoa pode não ser tão boa em entrevista. Enfim! São inúmeros os motivos o qual uma pessoa pode não conseguir um trabalho. E a cidadania não é garantia de emprego.

Inclusive, conheço pessoas que, mesmo com a cidadania, acabaram optando por voltar a morar no Brasil, pois não conseguiam trabalho em suas áreas no novo país. E também conheço pessoas que simplesmente desistiram de trabalhar em suas áreas e até hoje trabalham com faxina, apesar de ter a cidadania (olha que louco?!). As histórias são diversas, mas, normalmente, tudo aponta para a pessoa. De nada adianta ter a dupla cidadania e não ser capaz ou ter a coragem para se candidatar para um trabalho melhor.

As possibilidades com o visto

Quem precisa de visto precisa ser muito mais estratégico, calculista e sagaz. Aqui, vão entrar questionamentos importantíssimos que devem ser feitos, se possível, antes mesmo de entrar em uma faculdade e optar por uma carreira.

Se o seu sonho é morar no exterior, reflita sobre as possibilidades dentro do seu sonho. Quais são os países que você tem interesse? E, dentro desses países, quais são as necessidades atuais que eles tem? Por exemplo, na Alemanha, eles precisam de pessoas com formação em TI, design e enfermagem. No Canadá, até cabeleireira eles estavam precisando uma época. O ideal é você pensar em qual país e quais as possibilidades dentro dele. Se der pra estudar fora, através de uma bolsa de estudos, o faça! Isso pode, realmente, te destacar no mercado de trabalho por lá assim que você se formar.

Agora, se o país não é tão importante pra ti, mas a sua carreira é, eu diria então para buscar pelos países que têm a sua carreira em grande demanda. Um dos meus seguidores no Instagram mora no Kuwait, trabalhando com marketing por lá, e fazendo uma grana boa. Pra ele, o mais importante era fazer dinheiro com o que ele amava, muito mais do que o país que ele estava.

Uma ótima forma de descobrir quais são as necessidades no mercado de trabalho de um país, é perguntando pra melhor das fontes: o consulado. Os governos dos países, normalmente, tem uma lista com trabalhos em  alta demanda e poucos funcionários.

Se manter atualizado através de notícias também é essencial. De vez em quando ocorrem feiras de trabalho em alguma área específica para um país específico, e eles fazem contratações em escala desta forma. E isso tudo aparece nas notícias. (Uma dica: esteja sempre com seu CV preparadíssimo pois as vezes é avisado com poucos dias de antecedência).

Então, realmente, é uma questão de prioridades e profundas reflexões sobre o que é mais importante pra você.

Conclusão

Independente de qualquer coisa, o mais importante é você se tornar imprescindível pra uma empresa. Você precisa ter o fator UAU. Isso pode ser através de qualificações escolares excelentes, experiências maravilhosas no currículo, ou, até mesmo, pasmem, sua personalidade. As vezes, você é exatamente a mudança e transformação que uma empresa precisa. Porém, o fator UAU é necessário, para conseguir aumentar suas chances de uma carreira de sucesso no exterior. Ou seja, isso não depende necessariamente, da dupla cidadania, mas sim da pessoa em questão.

Espero que tenha ficado bem nítido que a dupla cidadania ou o visto significam bem menos do que sua cabeça cheia de minhoca imagina.

Trabalhar no exterior tem muito mais a ver com você, sua atitude e estratégia, do que um documento na mão. A dupla cidadania ajuda, mas, a partir do momento que tem diversas pessoas com vistos de trabalho na mão e que conquistaram sponsorships em empresas, você perdeu a chance de dar isso como desculpa para não conseguir.

De tudo que foi falado no meu texto hoje, o que ficou mais marcado pra você?

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