Quando vamos pro exterior com algum propósito específico, como, por exemplo, passar 1 ano trabalhando ou estudando, na chegada, tudo parece ser tão lindo, né?
Afinal de contas, você passou meses, quiçá anos, se preparando para este momento. E, agora, que você está no exterior, vivendo o que planejou, tudo parece fluir super bem.
Porém, a partir do momento que você desceu do avião, existe algo que não para de te perseguir: o tempo. Assim como o crocodilo com o relógio na barriga persegue o Capitão Gancho em Peter Pan, o tempo não está a nosso favor. (Se você nunca entendeu essa analogia do filme, sugiro assistir ao filme de novo. E hoje falarei sobre isso no stories do Instagram @no.exterior então aproveita!). Ouso dizer que, as pessoas que estão no exterior com data de volta marcada, sofrem e muito com a síndrome do capitão ganho, quer elas percebam isso ou não.
O que quero dizer com isso é que sua data de retorno está marcada. Não adianta se enganar! Você chegou, o tempo passa e a data de volta está cada vez mais próxima.
Com isso, vem alguns erros que podemos cometer exatamente por não se atentar tanto a esta data. E, como ando vendo muitos casos de voltante arrependidos (a galera que volta pro Brasil sem ter feito nem 1% do que queria), decidi escrever esse artigo, pra ajudar a galera que ainda tem um tempinho em mãos.
1. Acredita que tem todo o tempo do mundo
Mesmo que você esteja em um intercâmbio de 1 ou 2 anos, o tempo não está a seu favor. Com uma data marcada pra voltar, não adianta você ficar se enganando e deixando pra amanhã as coisas que você quer/precisa fazer.
Em 2019, comecei uma prática no stories do Instagram onde eu falo qual é o dia do ano, quantos dias já se passaram, e quantos dias ainda faltam pro ano acabar. Fiz isso exatamente pra mostrar pros meus seguidores que eles NÃO TEM TODO O TEMPO DO MUNDO. É pra dar realmente uma sensação horripilante de que não existe tempo o suficiente na vida dela pra conquistar tudo que quer.
Sempre que iniciamos o ano, começamos cheios de planos e resoluções, mas, depois de 1 mês, isso fica esquecido e é deixado de lado. Conheço poucas pessoas que realmente ficam atentas a resoluções de ano e, sim, eu sou uma dessas pessoas.
Com isso, vem o próximo item…
2. Não planejar / Não fazer o que planeja
A realidade é que, quando você começou essa jornada, você tinha vários planos e altas resoluções. Talvez você tinha planos de viajar mais, de passear mais, de conhecer mais pessoas, de falar o idioma todos os dias. Mas, por algum motivo, a gente não consegue fazer o que planejamos… aliás, muito provavelmente, nem chegamos a planejar.
O que é planejar? É sentar a bunda e refletir sobre o que você quer fazer e colocar isso em um papel. Não é deixar esse planejamento na cabeça. O que tá na cabeça pode ser esquecido. O que tá em um papel (num bloco de notas do celular ou numa planilha) fica marcado.
Mas, não basta planejar, você precisa fazer o que se propôs. Então, qualquer que seja o método de planejamento que você opta, precisa ser algo que você vai se atentar e manter na sua vida.
Por exemplo, pra mim, é o Google Keep. Eu mantenho tudo lá e passei a abri-lo diariamente. Tenho listas e listas e listas com coisas que quero fazer. Seja na vida pessoal, profissional, livros que quero ler, filmes que quero ver. Lá tem tudo. E, como abro todos os dias, mantenho um olho diariamente, e consequentemente, acabo fazendo o que está na lista.
3. Focar apenas no presente.
O que acontece é que, quem não planeja ou quem não faz o que planeja, está focado no que? NO PRESENTE.
Agora, pára! Respira fundo. Não estou dizendo que você precisa viver na ansiedade e planejando apenas o seu futuro. É pra você planejar, fazer, e curtir o momento que está sendo feito, curtindo o momento presente 100%.
Mas, a grande maioria das pessoas, foca no presente de uma maneira que não é funcional. Ao invés da pessoa planejar e fazer e viver o momento, ela simplesmente vive cada dia, cada momento, e não pensa no próximo momento. Quando nosso tempo é limitado, nós precisamos nos planejar mais. Quanto menos tempo, maior a necessidade de fazer tudo que planejamos.
Você já reparou o que as pessoas que sofrem de alguma doença terminal fazem? Elas planejam, normalmente até escrevem, o que elas querem fazer, com o pouco tempo que elas tem. E quando elas estão lá, fazendo o que planejaram, se concentram 100% naquilo, dando sua total atenção e amor, sabendo que talvez seja a última vez que vá fazer aquilo em vida. E isso é uma lição valiosa pra vida de forma geral.
Então, imagine que seu intercâmbio, seu tempo no exterior, é algo bem parecido. Você tem pouquíssimo tempo pra fazer tudo que deseja então reflita sobre o que você quer e faça o que você quer.
4. Sabe o que quer mas não busca informação para correr atrás
Muitas pessoas já sabem o que querem, se planejam, até tentam colocar em ação, mas, morrem na praia. E isso acontece porque, apesar de saber o que quer, a pessoa não sabe como fazer isso acontecer.
Tenho muitos seguidores voltante arrependidos que dizem que, tinham a cidadania europeia, queriam ficar no país, arranjar um emprego em suas áreas, mas desistiram porque não sabiam como fazer isso.
MAS GENTE! Chegou tão perto e morreu na praia! Tu jura? Meu coração fica pequeno quando recebo mensagens me contando isso, pois deve ser realmente frustrante viver essa situação.
Compreendo que nem sempre seja nítido como podemos fazer alguma coisa, mas, a grande maioria das pessoas eu vejo algo em comum: não buscou informação.
Então, corre atrás da informação. Pergunta pra pessoas, vai atrás de uma agência de trabalho, vê no LinkedIn (que é todo poderoso e tem muitas respostas das suas perguntas sobre carreira). O que não dá é pra você esperar um milagre cair no seu colo e saber a informação que você precisa sem correr atrás dela.
5. Inflexibilidade
Por fim, chegamos no último grande erro. E esse é mais comum do que imaginamos.
A pessoa passou por todos os estados anteriores, correu atrás da informação, e quando viu que não seria EXATAMENTE da forma que queria, desistiu.
Nem sempre as coisas vão ser exatamente da forma que você gostaria, desde o início. As vezes, mesmo tendo trabalhado na sua área no Brasil, você vai precisar começar um pouco mais de baixo. As vezes, pra começar e pegar um visto de residência, você vai precisar trabalhar com algo nada a ver pra então conseguir algo na sua área.
A flexibilidade é necessária pra você conseguir conquistar o que está em busca. É simples assim.
Flexibilidade é diferente de zona de conforto. Uma coisa é você conseguir alguma coisa e ficar naquilo porque ficou confortável demais. A outra é conseguir alguma coisa e continuar correndo atrás do que você realmente quer. Entende a diferença?
Espero que este texto lhe ajude a compreender melhor o que você precisa fazer pra não perder seu precioso tempo de vivência no exterior, e que consiga enxergar que a sua data marcada de volta está cada dia mais próxima. Se você não fizer algo em relação a síndrome de capitão gancho, a data vai chegar, e você vai ser mais uma pessoa frustrada, um voltante arrependido, doido pra continuar sua vivência.